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Conversa na Amadora sobre o Estado da União
A convite do Europe Direct da Área Metropolitana de Lisboa e da Câmara Municipal de Amadora, João Albuquerque participou na “Mesa Redonda Discurso do Estado da União”.
A conversa entre o Eurodeputado, a Presidente da Câmara Municipal da Amadora, Carla Tavares, e Joana Gomes, Alumni do SummerCemp, teve como objetivo analisar o discurso da Presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, sobre o Estado da União de 2023.
Para João Albuquerque, o discurso teve aspetos positivos, como as preocupações com a inteligência artificial ou a abertura de uma averiguação às subvenções estatais concedidas por Pequim aos fabricantes de carros elétricos na China, mas ficou muito aquém das expectativas no que se refere à dimensão social.
“Faltou uma referência ao Pilar Europeu dos Direitos Sociais, que é tão determinante no atual contexto europeu. É urgente aprofundarmos uma união social, como temos uma união económica e monetária”, disse João Albuquerque, dando como exemplo a necessidade de uma estratégia europeia para a habitação.
“Vários países estão confrontados com problemas no mercado da habitação e este é um tema que não pode ser resolvido exclusivamente por cada Estado. Tem de haver uma estratégia europeia”, afirmou.
Para o eurodeputado, ficou ainda ausente do discurso a necessidade da construção da união fiscal ou sobre o aprofundamento da união bancária.
“Foi um discurso que, com algum consenso, foi mais virado para a bolha do poder, para os chefes de governo e para a elite de Bruxelas que poderá contribuir para uma eventual reeleição de Ursula von der Leyen à frente da Comissão Europeia, do que virado para o cidadão comum”, considerou João Albuquerque.
“Foi um discurso institucional, importante, com foco nas competências da Comissão, mas sem uma palavra sobre a sua dimensão social, que seria tão importante”, concluiu
Os participantes na Mesa Redonda discutiram ainda o alargamento da União Europeia e os perigos do crescimento dos movimentos de extrema-direita na Europa.
“As pessoas sentem que os partidos tradicionais do sistema falharam, nomeadamente nas respostas sociais. Temos de conseguir inverter este caminho. Temos de ser capazes de construir uma Europa que responde socialmente e isso não acontece com países que competem entre si com políticas fiscais agressivas que têm como consequência a falta de solidariedade e o enfraquecimento dos mecanismos de coesão”.
A importância da participação dos cidadãos nesta construção europeia, através de uma maior informação, literacia e do voto nas eleições, foi ainda sublinhada por todos os participantes.
“O Parlamento Europeu é um co-legislador fundamental. Muito do que se legisla em Portugal resulta da transposição de diretivas europeias, e por isso o peso da representação de cada força política não é uma questão de somenos importância. Não é a mesma coisa termos a composição que temos hoje ou termos um parlamento dominado por negacionistas climáticos”, exemplificou João Albuquerque.
O eurodeputado terminou sublinhando a importância, para os jovens, da discussão agora em curso no parlamento europeu sobre o fim dos estágios não renumerados, um “flagelo que gostaríamos que acabasse antes do fim do atual mandato”.